Segunda edição do HQ EM PAUTA

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RESUMO DO EVENTO


PRIMEIRO DIANos dias 31 de julho e 1º de agosto aconteceu a segunda edição do HQ em Pauta – encontro de profissionais e leitores de Histórias em Quadrinhos – que aconteceu na Biblioteca Temática de Literatura Fantástica Viriato Corrêa.
Uma coisa a se deixar claro logo de cara é que o HQ em Pauta é um evento diferenciado. Ele não é uma premiação, ele não é voltado para a venda em massa de quadrinhos e ele não é uma festa! O evento tem como objetivo discutir sobre quadrinhos nas mais variadas áreas, como criação de personagens e publicação, temas polêmicos como scans, mercado editorial nacional e internacional e até sessões comentadas de filmes adaptados de HQs.
E foi assim que começou o sábado, primeiro dia do evento, com um documentário falando sobre quadrinhos de Scot McCloud e em seguida foi exibido o filme Rocketeer. Como já dissemos o evento tem como foco discutir essa variedade de discussões que os quadrinhos abordam e é claro que as adaptações para o cinema não estão de fora. A organização convidou André Morelli, autor dos livros Super-heróis no cinema e Super-heróis nos desenhos animados, para comentar o filme 15 minutos antes de ser exibido aonde ele falou sobre a obra original da HQ e 15 minutos após o término da exibição Morelli comentou as diferenças entre o filme e a história dos personagens de quadrinhos criados por Dave Stevens.
Morelli comentou os aspectos técnicos do filme e não deixou de citar que temos que analisar que a produção foi feita pela Disney, ou seja, tem todo um direcionamento para uma produção voltada para toda a família, então aspectos dos personagens da HQ, principalmente as femininas, foram deixados de fora.
Todo o estilo pin up e cenas sensuais que contém na HQ foram excluídas no filme e também as passagens politicamente incorretas como o machismo do personagem principal.
Morelli também não deixou de falar do bom trabalho da produção no quesito maquiagem para um dos capangas da HQ e também falou sobre o contexto histórico como o personagem Howard Hughes, que existiu realmente e serviu de base para outro super-heroi famoso dos quadrinhos, o Tony Stark, mais conhecido como o Homem de Ferro.
Depois de terminada a sessão na área temática da biblioteca onde estava a exposição de personagens do cartunista Spacca e uma bancada da Cidade de Papel com alguns títulos a venda, foi montada a mesa onde estariam Eddy Barrows, desenhista oficial do Super-homem e Felipe Massafera que também trabalha para o mercado americano produzindo capas e no primeiro semestre lançou Jambocks! aqui no Brasil pela editora Zarabatana aguardando o momento de começar as análises de portfólio.
Isso mesmo leitor, quem foi no HQ em Pauta teve a oportunidade de conhecer esses dois grandes desenhistas e ainda ter o seu material analisado por um deles. Durante as análises os desenhistas deram dicas de como apresentar o seu portifólio para um editor, o que deve ter e o que não deve ter.
Entre as dicas estavam: Não apresentar um postifólio apenas com pin ups de personagens; coloque sempre os personagens em cenas comuns do cotidiano; tenha em seu portifólio pelo menos uma história curta de 5 folhas para mostrar ao editor que você sabe contar uma história; Nunca mostre o seu personagem parado de maneira estática; tenha em mente que roteiro sempre será a espinha dorsal da história e de como os personagens estarão, se você não consegue contar a história do roteiro alguma coisa está errada.
Os desenhistas analisaram os desenhos de gente de todas as idades, inclusive os de um garoto de 10 anos que apresentou os seus desenhos para Felipe Massafera, que antes de começar a avaliação brincou com um dos presentes: “Eu sou apenas um padauã, Eddy é o mestre”.
Enquanto acontecia a avaliação de portifólio deu-se inicio a palestra de Spacca sobre a criação de personagens de quadrinhos com abertura de alguns recados dados por Edson Rossatto, que falou sobre a proposta do evento. Em seguida passou a palavra para Durvalina Soares Silva, diretora da Biblioteca Viriato Corrêa, que explicou sobre o conceito da biblioteca que é trazer a comunidade para refletirem dentro de um local público.
Durvalina falou também sobre o porque de abrigar um evento como o HQ em Pauta, que segundo ela tem tudo a ver com a temática da biblioteca de literatura fantástica, que tem um acervo de histórias em quadrinhos e não deixou de citar que antigamente a biblioteca abrigava a Gibiteca Henfil, que agora está no Centro Cultural Vergueiro.
Spacca iniciou a sua palestra agradecendo os organizadores por mais um convite e logo de cara disse o conceito de como podemos enxergar uma caricatura: “Quem vê cara vê coração”.
O cartunista explicou que quando você analisa o retrato de alguém você através das formas cria expectativas sobre o indivíduo. Mostrando várias imagens de caricaturas realizadas por ele Spacca questionou o publico o que cada imagem representava de forma isolada, e depois como quando reunidas cada imagem ressaltava uma certa característica da outra.
Spacca mostrou vários estudos que faz quando vai criar os seus personagens, alguns de modo mais clássico, depois ele faz estudos do mesmo personagem de forma mais cartunesca até achar a solução gráfica do personagem, e dá a dica de que uma das maneiras de achar a forma do personagem é desenhá-lo com a sua família e com os seus opostos em uma mesma página.
Ele também citou como a pesquisa é uma das fases mais importantes para o trabalho porque com ela você tem uma noção melhor de como irá desenhar. Spacca deu o exemplo de seu processo de pesquisa para Santo onde analisou obras do Art Nouveau, os cartazes de Toulouse-Lautrec e desenhos com referências francesas.
Spacca também citou como é importante a pesquisa de objetos de época e comentou que teve que pesquisar sobre as medalhas da época do Brasil Imperial para desenhar D. João.
Foi uma palestra rica em detalhes da maioria dos personagens criados por Spacca como Debret, D. João, Santos Drummond, Baduíno e outros e em cada um o cartunista revelou da onde tirou a solução gráfica para representar o personagem.
Spacca revelou que cada álbum demora em média de um a dois anos para ficar pronto, e a primeira coisa que procura é a personalidade do personagem, se ele é calmo ou agitado, por exemplo, depois o tipo físico, se é jovem ou velho, em seguida as vestimentas e por fim colocá-lo em ação. E avisa: “Geralmente os personagens vão se modificando durante o caminho gráfico, o processo se inicia desde o primeiro desenho”.
Dando continuidade a programação do evento a próxima atividade foi a mesa-redonda “Além da barreira editorial entre o Brasil e a Argentina”, com Cláudio Martini, responsável pela editora Zarabatana que recentemente divulgou que irá publicar quadrinhos argentinos em nosso país, Paulo Ramos, jornalista e autor de vários livros sobre quadrinhos entre eles o Bienvenido, que traça uma panorama dos quadrinhos argentinos e Eloar Guazzelli, quadrinhista gaúcho que possui profundo conhecimento sobre a produção editorial Argentina de quadrinhos, que infelizmente devido a atrasos em seu voo só conseguiu chegar nos 15 minutos finais, mas deixou o seu recado: “Devemos deixar a rivalidade de lado e conhecer mais os quadrinhos argentinos”.
Cláudio começou a palestra falando das primeiras publicações da Zarabatana no Brasil, Cicca Dum-Dum e Clara da Noite, publicações com um toque de erotismo e que depois veio Macanudo, do autor Liniers, que são tiras mais cômicas.
O editor contou mais dos seus planos para o segundo semestre e começo de 2011 e depois passou a palavra para Paulo Ramos.
O jornalista falou sobre o seu mais recente livro e a sua proposta de apresentar os quadrinhos argentinos para os brasileiros, que em sua maioria conhecem apenas a personagem Mafalda, do autor Quino. E completa que sempre achou que seria Mafalda o nosso equivalente ao personagem Mônica de Mauricio de Sousa, mas depois da realização do livro ele chegou a conclusão que o personagem Patoruzú se enquadra melho, já que as histórias da Mafalda são mais direcionadas para os adultos.
Paulo Ramos também falou do contexto histórico das HQs argentinas e como o personagem Clemente tem forte apelo nacionalista futebolista e resistência a ditadura.
Na palestra também foi citada a revista Fierro que surgiu em 1984 em um momento de redemocratização e terminou em 1993, votando a ser publicada em 2006.
Uma curiosidade comentada na palestra é que a Editora Abril não surgiu no Brasil e sim na Argentina com o nome de Primavera, depois em nosso país já com outro nome veio a publicar a estréia de Hugo Pratt em solo brasileiro.
Outro assunto que não deixou de ser comentado foi sobre o caso Oesterheld, que desapareceu na época da ditadura Argentina, que produziu a HQ El Eternauta que teve várias cópias piratas publicadas, e para evitar isso atualmente a editora que tem os direitos das obras publica com um selo de legalidade na capa.
Finalizando a palestras foi aberto espaço para as perguntas para o público que ficou mais curioso de saber porque as histórias argentinas demoraram tanto para chegar ao Brasil. Uma das possibilidades é que o mercado argentino é voltado para a Europa e muitos dos direitos autorais são de editoras de lá, e o mercado brasileiro sempre foi mais voltado para a produção norte-americana.
Com a sua chegada Guazzelli explicou as condições da Argentina em seu apogeu cultural nos anos de 1920 a 1940 e como até hoje a maior influência na América do Sul nos quadrinhos é a escola Argentina de HQ.
A última mesa-redonda do sábado foi com o editor Maurício Muniz e o jornalista Marcelo Naranjo, sobre HQs nostálgicas e modernas. Com mediação do jornalista Jota Silvestre, a sessão já começou com uma pergunta polêmica: Qual foi a melhor época para as HQs?
Marcelo Naranjo deu a sua opinião dizendo que para ele a época mais importante foi a década de 1950, que foi voltada para um público mais maduro.
Já Muniz defende que 1950 foi sim uma época importante, mas que também foi produzida muita coisa ruim. Em sua análise a partir dos anos 1980 os quadrinhos tiveram um salto evolutivo fenomenal e divide as três décadas seguintes em:
1980 – Período Realista: as histórias se aproximam mais da realidade.
1990 – Período Ultra realista: as histórias perdem o controle e há uma liberdade desregrada.
2000 – Período Inteligente: as atenções passam para dos desenhistas para os roteiristas que se tornam as estrelas da vez.
Sobre esse ultimo período Muniz foi questionado sobre as mortes de personagens ícones dos quadrinhos e depois trazê-los de volta realmente é uma atitude inteligente e o editor respondeu: “Se você analisar pelo ponto de vista econômico é uma atitude inteligente sim. A morte de personagens famosos sempre chama a atenção da mídia e garante as vendas”.
Marcelo Naranjo defende que HQ tem que ser um produto para divertir, e a obra fazer você refletir ou analisar algumas questões, isso é um algo a mais da publicação. E comentou como atualmente falta um editor com coragem de publicar clássicos como a Editora Ópera Gráfica fazia.
Quando questionado se as histórias antigas não são mais chatas e mal resolvidas, Marcelo defende que quando se lê uma história dos anos de 1950, por exemplo, deve se levar em consideração que ela foi produzida em um período de censura onde se limitavam as informações, e que ler quadrinho antigo é mais difícil porque as vezes é necessário entender esse contexto.
Em todo o tempo o bate-papo teve a participação do público que levantava questões como se o premio Eisner é uma referencia de qualidade, se a Image Comics foi responsável por quebrar o mercado editorial de quadrinhos nos anos de 1990 e o que se deve fazer para conseguir novos leitores para as HQs.
Para essa ultima questão Maurício respondeu que hoje em dia ele não vê mais criança lendo histórias em quadrinhos, e que a produção atual não tem mais “a moral da história”, que era quando a história tinha que ensinar algo. Mauricio ainda completa dizendo que se você comparar as HQs com a Internet e com os videogames, o gibi é coisa de velho, e que algo tem que ser feito. Ele não acredita que o impresso vai acabar, mas que mais pra frente vai ser cada vez mais raro crianças lendo HQs.
No fim do dia os participantes das palestras ficaram no espaço temático da Biblioteca Viriato Corrêa para uma sessão de autógrafos e bate-papo. Ótima oportunidade para conversar mais de perto com os profissionais.
Não podemos esquecer que nesse ano uma das novidades do HQ em Pauta foi à cobertura cartunesca de Laudo Ferreira Junior, que em todas as palestras esteve presente fazendo caricaturas dos palestrantes. O resultado foi uma exposição que ficava na entrada no auditório.
O primeiro dia do HQ em Pauta terminou no horário programado e claro gerando uma expectativa para o domingo que seria com mais palestras e mesas redondas.


SEGUNDO DIA
O segundo dia do HQ em Pauta 2 começou com a exibição do filme Superman II – A aventura continua, de 1980. Dessa vez em vez de falar 15 minutos antes e 15 depois, André Morelli comentou as curiosidades da produção após a sua exibição, por mais de 30 minutos.
Morelli agradeceu os presentes e disse que foi a primeira vez que assistiu ao filme do tamanho que ele foi exibido e também revela que é uma das suas adaptações favoritas. Ele comentou que a produção teve muitos contratempos e que até o primeiro filme de Superman de 1978, Hollywood tratava mal as transposições entre mídias.
Segundo Morelli um dos motivos responsáveis para o primeiro Superman ter sido um sucesso foi o diretor Richard Donner que extraiu várias partes da mitologia da HQ e criou novas problemáticas.
Devido a atritos com os produtores Richard Donner foi substituído por Richard Lester no segundo filme que assumiu um ar mais cômico.
A credibilidade de Richard Donner é tanta que em 2005 a DC Comics fez um convite para ele se tornar roteirista das histórias do Homem de Aço.
Os presentes participaram do bate-papo questionando as principais mudanças do personagem da HQ para o filme e Morelli explicou que a diferença que pode ser analisada é a relação Clark Kent e Kal-El onde qual seria o Super-homem e qual seria o personagem da identidade secreta. Morelli explicou que a reformulação do Super-homem nas histórias de John Byrne foi transformá-lo em terráqueo e mostrar a formação da sua família. Comentou com no filme foi excluído o Superboy e como é focado em sua relação com os alienígenas.
Morelli também falou da rica mitologia do personagem e como os super-heróis são a mitologia contemporânea e para encerrar falou dos seus dois livros já publicados, Super-heróis nos cinemas, um guia com mais de 150 filmes adaptados das histórias em quadrinhos e Super-heróis nos desenhos animados onde ele analisou mais de 200 desenhos que contém a figura do super-herói, não sendo necessariamente das HQs.
A segunda palestra do dia foi com Gonçalo Junior, que falou sobre seu novo lançamento Guerra dos Gibis II, ou Maria Erótica e o Clamor do Sexo que fala como duas editoras Edrel (São Paulo) e Grafipar (Curitiba) que publicavam quadrinhos no período de censura no Brasil entre 1944 e 1964 e foram perseguidos em nome da moral e dos bons costumes e em defesa da família brasileira.
Como ponto de partida o jornalista Gonçalo Junior fez uma extensa pesquisa das duas editoras que passaram 21 anos sobre o regime militar. Como personagens principais Gonçalo revela um pouco mais sobre a vida de Minami Keizi e Claudio Seto, dois mestres dos quadrinhos nacionais.
Gonçalo Junior revela curiosidades como que Minami Keizi começou a ler lendo mangas que mostravam a vida de quadrinhistas orientais que viviam em grande estilo e de maneira confortável, e foi daí que ele decidiu se tornar um profissional dos quadrinhos. Quando Minami mudou São Paulo ele percebeu que as coisas eram bem diferentes tendo que dormir no chão da editora Edrel, que na época publicava revistas eróticas mais conhecidas como revistas de salão de barbeiros.
Gonçalo explicou que com a ida de Cláudio Seto a Curitiba abre-se um novo pólo de quadrinhos eróticos.
O jornalista também contou curiosidades como a revista Álbum Encantado, datado de dezembro de 1964, que deve ser a primeira publicação de mangá no Brasil.
A palestra foi ricamente explicada com imagens trazidas pelo jornalista que apontou em diversos casos nas capas das publicações o registro da ditadura. As publicações eram submetidas à censura e as que tinham permissão para serem publicadas ganhavam um carimbo na capa que continha o nome da editora e endereço. Esse carimbo era um facilitador para achar o responsável pela publicação caso posteriormente fosse notado algo “subversivo”.
Com certeza quem esteve presente na palestra acabou entendendo mais sobre os bastidores políticos da censura em nosso país.
Dando continuidade ao evento foi a vez da mesa-redonda que abordava o mercado de quadrinhos no Brasil e no exterior, com as presenças de Danilo Beyruth (criador do personagem Necronauta), Eddy Barrows (desenhista oficial do Superman), com mediação do editor da Gal Editora, Maurício Muniz.
Foi muito interessante analisar como os dois desenhistas entraram no mercado internacional. Eddy que durante o bate-papo revelou que começou a ler quadrinhos depois de um acidente que teve na sua infância, que era músico profissional e que encarava quadrinhos como hobby, começou a trabalhar através de um estúdio de agenciamento de artistas para editoras pequenas e depois por vontade própria decidiu parar porque não se achava preparado artisticamente nos quesitos construção feminina e composição de página. Na sua volta, agora mais confiante ele desenvolveu trabalhos para Image e depois já foi para a DC Comics, onde está até hoje.
Já Danilo teve a sua estréia no mercado internacional na revista Jesus Hate Zombies, de uma editora pequena e revelou que prefere trabalhar de forma independente devido à liberdade que se tem para produzir.
Eddy falou da trajetória da sua carreira e como está realizando um sonho, já que também é um grande fã do Superman. “Fui procurado primeiro que o roteirista”, revela Eddy e ainda completa que recusou o convite de desenhar a Liga da Justiça.
O desenhista também falou às diferenças que percebeu entre o roteirista americano e o inglês, que tende a ser mais minucioso e detalhista.
Sobre o retorno dos fãs, Eddy comentou que sempre é positivo, e comenta que existe uma diferença muito grande entre o fã americano e o brasileiro quando se trata de acompanhar a carreira do desenhista e disse que recebe muitos e-mails de fãs espanhóis e que foi até convidado para participar de um evento sobre o Super-Homem na Espanha.
Sobre o mercado nacional Eddy comentou que falta atitude das grandes empresas e do governo. “O mercado tem que entender que quadrinhos não funcionam em curto prazo”, disse Eddy e completou dizendo que as empresas preferem investir em algo de fora porque não é preciso gastar com divulgação. “Falta um espírito empreendedor nos quadrinhos, como o do Maurício de Sousa”, finaliza Eddy.
Questionado sobre quais personagens ele gostaria de desenhar tanto da DC Comics e Marvel Comics, Eddy disse: “Já trabalhei com os grandes personagens da DC que eu gostaria de trabalhar. Na Marvel eu me interessaria pelo Hulk e pelo Capitão América”.
E o desenhista também afirmou que não existem personagens ruins, que é apenas uma questão de construção, e que só sente desanimo quando a revista é só com diálogos não inteligentes e conclui que só não desenha material erótico.
Outra exclusividade que quem foi ao HQ em Pauta conferiu foi a exibição em primeira mão do trailer e a capa de Bando de Dois, próxima publicação de Danilo Beyruth, que deve ser lançada no mês de setembro e foi uma das obras selecionadas pelo PROAC.
Terminado o bate-papo o público já estava ansioso com o início da última atividade programada que foi um debate sobre os polêmicos scans. A mesa foi composta por Maurício Muniz, André Morelli, com mediação de Jota Silvestre.
A sessão começou com uma reportagem produzida pela equipe do programa Banca de Quadrinhos sobre a pirataria na Internet.
Jota Silvestre utilizou como mote para começar a declaração de Hélcio de Carvalho, editor-chefe da Mythos Editora, que faz as revistas de super-heróis para a Panini, concedida ao site Omelete, onde ele afirma que os scans diminuem as vendas de quadrinhos.
Discordando de Hélcio de Carvalho, o editor Maurício Muniz afirma que não há dados que mostrem que se 50 pessoas lerem uma história de uma revista através de um scan isso signifique que são 50 revistas que deixaram de serem compradas e ainda deixou uma questão para os presentes de quem lê quadrinhos e quem já tinha lido uma história via scan. Quase todos levantaram a mão. “Scan é o novo problema editorial do novo século e está longe de ser resolvido”, afirma Maurício.
Durante o bate-papo foi comentado como o mercado de quadrinhos encolheu devido a uma série de fatores e que existem grupos de scans que traduziam as revistas e que aconteceu muitas alterações nesses grupos e quem acompanha os fóruns de discussão sobre quadrinhos pode analisar todas as mudanças.
Outra questão levantada foi se a justificativa de scans é válida como ferramenta de pesquisa e até que ponto. Quem respondeu essa questão foi André Morelli, jornalista da revista Mundo dos Super-heróis, e afirmou que a Internet é uma mão na roda, e comenta que no seu caso ele herdou uma coluna na revista que fala sobre a época de ouro dos quadrinhos que vai do final dos anos 1930 até 1950 e que sem os scans ele não teria como produzir os textos por falta de material.
As perguntas foram abertas para o público que foi bastante participativo. Afirmações como “Scan deixou o público mais seletivo” e “hoje é muito difícil um leitor comprar quadrinhos às cegas”, foram declaradas a favor dos scans.
Mas também teve “Precisamos ensinar a próxima geração a ler quadrinhos e mostrar como scan é pirataria” e “Na visão de um advogado o scan é crime”, afirmações de quem é contra os scans.
No geral ficou a conclusão de que as editoras não estão usando a Internet ao seu favor e que possivelmente o leitor que procura um scan ou é para ele conhecer melhor sobre a história ou ele já não iria comprar mesmo a revista. E como salientou Mauricio Muniz: “Scan é um assunto complicado!”.
Para finalizar Edson Rossatto agradeceu a presença de todos e o apoio da equipe de staff nos dois dias, a administração da biblioteca e aos palestrantes e anunciou que a terceira edição do HQ em Pauta já está confirmada para o mês de janeiro.
Para quem gosta de quadrinhos, não apenas de comprá-los e sim entender um pouco mais sobre o mercado, o HQ em Pauta é um evento que atinge todas as expectativas. Além de ser em um ambiente calmo e com espaço, as palestras são de alto nível e os palestrantes ficam acessíveis o tempo todo, demonstrando como estão contentes de participarem do evento.
Com certeza o HQ em Pauta já garantiu o seu espaço no calendário de eventos sobre quadrinhos.


Agradecimentos a Renato Lebeau, do site Impulso HQ, que gentilmente nos cedeu parte de sua cobertura da segunda edição do HQ EM PAUTA para que pudéssemos postar aqui.

2 Comentários

Anônimo disse...

Através do 2o. HQ em Pauta tive a oportunidade de conhecer mais sobre este universo, onde a presença de profissionais consagrados, a qualidade informativa das palestras, filmes exibidos e debatidos, enfim, um encontro fantástico, o qual incita que eu JÁ coloque na agenda, o 3o. HQ em Pauta que ocorrerá em 2011. Parabéns e obrigada!

DOROTILDE DIAS

Anônimo disse...

Oi, sou professor de HQ na Fundação Casa e no projeto Fanzines nas Zonas de Sampa, da Coordenadoria de Bibliotecas do Município de São Paulo. O HQ em Pauta foi uma ótima oportunidade de colocar meus alunos num hambiente que respira quadrinhos!!! No próximo, estarei com certeza!

Edson Pelicer
Quadrinhista e Arte Educador

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